"E esta volúpia de escrever, uma coisa insopitável, uma angústia interior que se ramifica por todo o nosso íntimo, belisca as mãos, mordisca a inteligência, apalpa o coração, propele as nossas pernas para junto do computador e determina: escreva!
E a gente vai na onda meio que sem jeito, começa dedilhando o teclado sem nem mesmo arrumar as ideias, sem formar o enredo, que vai pingando de dentro do nosso mais escondido escaninho da alma, num turbilhão que cresta a inspiração como um fogo que irrompe de inopino, como lava de vulcão descendo as encostas da montanha atormentada e sacudida pela erupção.
Não há uma explicação plausível, é destino, é paixão, é vício, é missão.
E eu sigo escrevendo, a pena prolífica tremendo, as mãos nervosas digitando, tocando as teclas num ritmo que até eu mesmo fico perplexo admirando, mas só por instante, pois as frases já vão longe, o pensamento já ultrapassou a encruzilhada e vai em frente, soltando a imaginação, borbulhando como água fervente, levando aos leitores o retrato falado de um rabiscador".
In http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.phtml?cod=38756&cat=Artigos&vinda=S
É lindo o texto acima transcrito, com o devido respeito pelo seu autor. E não deixa de ser curioso como o português fica mais rico com a inclusão de termos que ainda não fazem parte do nosso léxico nem dos nossos compêndios gramaticais.
Porém, a voluptuosidade atinge proporções extremas ao percorrer o blog da Deusa do Prazer (http://deusadoprazer.blogs.sapo.pt/), que não sei se é deusa mas sei que transmite um imenso prazer ao ler os seus textos derramados sobre um fundo da cor do ébano e envolvidos por imagens de diáfana sedução.
Se se pode sentir volúpia naquilo que se escreve, também através daquilo que se lê se sente o mesmo deleite, um orgástico gozo feito de cegos sentimentos.
Coimbra, 09 de Janeiro de 2006
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