Todos os anos acontece Dezembro.
E em Dezembro há Natal
E no Natal há lembranças,
Presentes gulosos,
Alegria a rodos,
Cintilante felicidade nos olhos das crianças
E nas gélidas borbulhas do vinho espumante.
Não falta calor
Em torno da lareira escaldante.
Não falta amor,
Esquece-se a dor
Em troca de um fugaz instante
De ditosa ventura.
Que importa aquele indigente
Debaixo de um alpendre.
Que importa aquele jovem
Ávido de mais uma parcela
Do maldito pó de que provém
A sua alucinação
Que importa a tristeza
De quem não tem um tecto,
Nem família,
Nem amigos,
Nem um afecto,
Vitimas da avareza
Da ganância,
Do egoísmo,
Do ostracismo
Em que nós os afundamos,
Se não pela acção,
Pela indiferença que adoptamos.
Do autor
Velhos conhecidos
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